O chamado microbioma intestinal é composto por uma massa estimada de 1 kg de bactérias sendo cerca de 100 trilhões de bactérias, número dez vezes maior do que a quantidade de células que forma todo o corpo humano. O Eixo Cérebro-intestino é o conjunto de complexas vias neurais e gânglios, envolvendo o Sistema Nervoso Central (SNC), o Sistema Nervoso Entérico (SNE) e o Sistema Nervoso Autônomo (SNA), além de todo o sistema de comunicação envolvido, como as vias neurais aferentes e eferentes, e também o sistema imune e endócrino de comunicação intercelular. Hoje sabemos que o microbioma intestinal exerce influência vital não somente no funcionamento do Trato Gastrointestinal, mas também no desenvolvimento e no funcionamento do cérebro. Tem sido demonstrado em estudos, por exemplo, que a colonização intestinal com certos tipos específicos de bactérias foi capaz de modificar o comportamento frente à resposta ao stress. Evidências sugerem que as alterações do microbioma podem estar relacionadas à gênese de doenças mentais, como TEA (Transtorno do Espectro Autista), depressão, ansiedade e esquizofrenia, além de resposta orgânica exacerbada ao stress. Há demonstrações também da influência do microbioma com a integridade das amígdalas cerebrais. Essa região está relacionada com comportamento social, reação de medo e ansiedade, e tem sido foco de estudos sobre neurodesenvolvimento, autismo e ansiedade. Um estudo envolvendo mais de 100.000 crianças demonstrou que aquelas com diagnóstico de TEA tiveram maior prevalência de problemas intestinais relatados pela mãe, tais quais constipação intestinal, diarreia, intolerância ou alergias alimentares, quando comparadas com crianças com desenvolvimento normal de 6 a 36 meses de idade. Entretanto, estudos ainda necessitam ser desenhados a fim de atestar segurança e eficácia em longo prazo deste admirável mundo novo.