Um grupo de cientistas do Centro Nacional de Pesquisa para o Cancro, em Madrid, Espanha, está a estudar o papel do jejum no quadro oncológico, levantando a hipótese de que poderá haver vantagens em passar alguns dias ou semanas consumindo água e pequenas doses de alimentos, limitados a determinadas horas. Estes cientistas explicam que o jejum vai alterar o metabolismo e diminuir a multiplicação das células, espoletando um mecanismo de autofagia, isto é, o organismo vai começar a consumir as suas próprias células, começando pelas que estão doentes (autofagia). A equipa do Centro Nacional de Pesquisa para o Cancro de Madrid entende que o jejum pode ser muito mais profícuo do que uma restrição calórica que “é mais radical e difícil de manter”. Para estes investigadores, “a restrição calórica [deixar de comer totalmente certos alimentos] tem efeitos indesejáveis, como o facto de a pessoa estar constantemente com fome, ficar sem libido e sem vida social”. Numa experiência recente com ratos, esta equipa de cientistas verificou que na sequência de um jejum, de um a dois dias, os animais desenvolveram mais o gene P21, responsável por restringir a divisão celular, limitando o desenvolvimento tumoral. Mais tarde, num ensaio com voluntários, realizado no Instituto da Alimentação, cujas conclusões serão publicadas em breve numa revista científica, os resultados foram os mesmos. Ou seja, o que se verificou com os ratos acontece com os humanos. “O Gene P21 limita a proliferação celular, sobretudo no cabelo, no intestino, nos ossos, as zonas mais afetadas pela quimioterapia”, explica o co-autor do estudo, Pablo Fernández-Marcos, acrescentando que “nenhum dos voluntários teve qualquer problema”.