Em estudos conduzidos no Instituto de Biociências (IB) da USP, avaliaram a capacidade das células tumorais de produzir o hormônio melatonina. O que pode se tornar uma estratégia inovadora de medir o grau de malignidade em alguns tipos de câncer, entre eles tumores do sistema nervoso central, pulmão, intestino, pâncreas e bexiga. As análises revelaram que quanto maior a produção de melatonina pelas células tumorais, menos agressiva é a doença, o que significa uma maior sobrevida dos pacientes. O grupo da USP chamou de eixo imune-pineal a comunicação bidirecional entre a glândula pineal e o sistema imune. Quando há um estímulo inflamatório em um tecido periférico, ocorre o bloqueio da síntese de melatonina pela pineal. Essa redução é essencial para que as células imunes atinjam o local agredido. Depois que a ameaça é reduzida, as próprias células de defesa passam a secretar melatonina no tecido afetado para evitar danos desnecessários. Em seguida, o organismo deve retornar à condição normal, ou seja, cessar a produção periférica de melatonina e restaurar a produção no sistema nervoso central. Porém, há casos em que o organismo não consegue, por algum motivo, voltar à condição fisiológica e a produção periférica de melatonina é mantida, o que pode indicar a presença de células tumorais. O grupo então notou que, enquanto as linhagens mais agressivas (gliomas de grau 4) praticamente não tinham secreção local de melatonina, a expressão das enzimas de síntese era maior em gliomas de grau 1 e 2, considerados de menor malignidade. Além de auxiliar no prognóstico da doença, a tecnologia abre caminho para novas abordagens terapêuticas, como por exemplo o desenvolvimento de teste barato para avaliar a produção de melatonina no tecido tumoral, semelhante ao usado para medir glicose no sangue. Mas ainda é necessário muitos estudos e testes, o que pode demorar cerca de três anos.