Pessoas que têm ou tiveram câncer costumam fazer uso de suplementos nutricionais. As razões são variadas: prescrição médica, indicações de parentes e amigos, esperança de melhora dos sintomas, da qualidade de vida e das chances de cura. Os suplementos mais comuns costumam conter o abecedário de vitaminas, sais minerais, aminoácidos e extratos de plantas. Inquéritos internacionais mostraram que o consumo é mais frequente em mulheres com câncer de mama, e mais raro nos portadores de câncer de próstata. Infelizmente, os estudos prospectivos e randomizados de acordo com critérios científicos rígidos, sugerem que nenhum suplemento nutricional melhora o prognóstico ou a sobrevida nos casos de câncer. Pelo contrário, alguns deles levantaram a suspeita de que os suplementos aumentariam a mortalidade provocada pela doença. Em 2006, uma avaliação conjunta de vários estudos (metanálise) mostrou que a suplementação com antioxidantes ou vitamina A, não foi capaz de reduzir a mortalidade associada a diversos tipos de câncer. No estado de Washington, o acompanhamento durante dez anos de uma coorte formada por 77 mil pessoas, revelou que a suplementação com multivitaminas, vitamina C ou E não reduziu o número de mortes pela doença. Em dois grandes estudos observacionais, o uso de diversos suplementos nutricionais ou multivitaminas em mulheres com câncer de mama em fase inicial, não diminuiu o número de recidivas nem a mortalidade por disseminação da doença ou outras causas. Achados semelhantes foram relatados com a administração de multivitaminas nos casos de câncer de cólon em estádio inicial. A orientação da Sociedade Americana de Oncologia Clínica é clara: “Antes que os suplementos sejam prescritos e administrados, deve ser feito todo o esforço para que os nutrientes necessários sejam obtidos por meio da alimentação”.